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TREINAMENTO & TECNOLOGIA

“Se alguém não entendeu o que expliquei, o erro é meu que não soube explicar.” - Akeo Tanabe, um dos dois únicos chefes que tive.
Quando era jovem, ouvi de muitos donos de negócio que não valia a pena treinar funcionário porque Você investia e depois eles se vendiam para o concorrente por uns trocados a mais. O funcionário era visto (ainda é) como um mau-caráter em potencial, ou, na melhor hipótese, como um mal-agradecido. Para estes, investir em funcionário é um exemplo clássico de investimento a fundo perdido.
Até hoje encontro gente com essa opinião. O ponto de vista se apóia no fato, não confessado, de que nenhum destes reclamantes tem o menor desejo de tratar e pagar bem a ninguém. A idéia escravocrata está viva em nossa ancestralidade herdada e é pano de fundo para muitas decisões nas pequenas empresas. Com essa filosofia, contratam-se os piores e com eles se mal-convive. Ruim com eles, pior sem eles, e ficam, inexoravelmente, a reclamar da incompetência de seus contratados. “Tá reclamando de quê, Mané!?”
Acredito que a simplificação explica de alguma maneira o porquê dessa visão ser quase um traço cultural. Na vida cotidiana usamos a estratégia de projetar a avaliação de uma parte para determinar o todo. Avalia-se como estragada a banana que teve a ponta amassada. Desperdiça-se a parte boa jogando-se o todo fora.
Existem maus funcionários, sim. Existem maus empregadores também. Colocar todos num mesmo saco é a solução fácil para quem não tem capacitação para fazer melhor. Venho aprimorando uma abordagem positiva sobre o que esperar de meus funcionários, me fazendo uma pergunta: eu os estou tratando da maneira que gostaria de ser tratado se funcionário fosse? Hei! Desavisado, está achando que estou me desviando do assunto? Pois anote esta Sabichão: treinamento, no sentido de capacitação, se começa criando um ambiente em que as pessoas se sintam estimuladas a desejar serem profissionalmente melhores.
Se Sabichão quer ter sucesso, capacite aqueles que estão à sua volta. Medo do futuro é para quem não quer sair do mesmo lugar. E se Você é o seu negócio, destine com freqüência tempo para se reciclar. A experiência, o dia-a-dia, aumenta sua capacitação em relação a Você mesmo, mas não em relação ao mercado. E enquanto Desavisado está envolvido com as próprias mazelas, novas tecnologias, novos produtos, novas idéias estão sendo apresentadas a quem está procurando por elas. Você está?
Tecnologia boa é a que funciona. Se não funciona, não é tecnologia. De que adianta treinar seus funcionários no uso mais inteligente de uma planilha eletrônica (99% das pessoas a usam improdutivamente) se o seu micro é uma carroça, se seu funcionário digita mais rápido do que o micro processa, e/ou se seu micro anda exigindo presença diária e constante de um técnico? Acredito que Sabichão já passou por situações desse tipo. Eu me surpreendi ao ouvir novos funcionários dizendo que “aqui os computadores funcionam!”.
Concentre-se no seu negócio. Não cobice o negócio do próximo, mas mantenha olho vivo sobre novas tecnologias para não ser constantemente pego de quatro, embaixo da mesa, tentando fazer funcionar um micro velho de guerra. Foco sempre, mas aprimoramento e inovação constantes. Fique plugado, Desavisado! Tem gente inventando coisa nova todo dia e uma delas pode ter como fim, o fim de seu negócio.
 Conselho:

Invista em treinamento e tecnologia, eles são capacitores da sua competitividade.



PERSONALIDADE & GERÊNCIA
Em administração, Você é a teoria. Se as pessoas o respeitam profissionalmente, o seguem. Do contrário, o rejeitam.
Administrar é a ciência de organizar os meios disponíveis para atingir os fins desejados. E para fazer isso, cada um tem seu próprio meio. Em administração, em gerência de negócios e pessoas, Você é sua própria teoria. Não fosse isso, teríamos um retrato na parede de nosso grande líder, em quem nos espelharíamos e de quem imitaríamos jeitos e trejeitos.
Já degustei cardápios de várias teorias de administração e marquetim. Autocráticas, democráticas e liberais. Das focadas no produto  às focadas no consumidor. Ignore todas. Elas são criadas exclusivamente para durar o tempo de uma edição da revista quinzenal. Ou ajudam alguém a ter notoriedade por algum tempo bem aproveitado dando palestras para Desavisado e Sabichão em países ao sul do equador.
Não há modelo gerencial para pronto uso. Não tem manual. Tudo depende. Depende das características da atividade. Depende da qualidade da mão-de-obra disponível. Depende de seus objetivos. Depende de Você. De como Você é, pensa e age. Seja Você Desavisado ou Sabichão.
Quer identificar facilmente incompetentes gerenciais? É fácil. Comece uma conversa com um empresário ou funcionário promovido ao andar de cima. Se ouvir algo como “o problema são os funcionários”, opa!, fisgou um exemplar da espécie. Observe-o bem e identifique outras atitudes típicas para não se pegar agindo como um deles.
Esse funcionário-problema é aquele sujeito que trabalha em condições nunca adequadas, sem ar-condicionado no verão de 40 graus, em uma empresa que paga, a contragosto, estritamente o que manda o dissídio coletivo. Se chegar 1 minuto atrasado é chamado a atenção, mas se sair 2 horas depois do expediente não recebe compensação de qualquer espécie, nem o pelo-menos, aquele “muito obrigado” do chefe arrogante. Esse funcionário é um mal-agradecido porque vive sempre de mau humor e cara amarrada. E nunca tem boa vontade para as vontades do chefe. “Querias o quê!?”
O sujeito que, numa posição gerencial, transfere para a má qualidade de seus gerenciados a culpa por seus infortúnios é, me desculpe, um pobre diabo. Não deveria estar onde está. Está porque o problema é endêmico e o exemplo vem de cima. É a terceirização em cadeia hierarquia abaixo.
Se Sabichão não pretende descontar em seus colaboradores as frustrações que passa, já leva uma boa vantagem. Se Desavisado tem por hábito respeitar a inteligência dos outros, já está obstáculos e obstáculos à frente da maioria. A fórmula mágica existe, é Você, com sua personalidade, a sua melhor teoria gerencial.
É evidente que existem algumas coisas básicas que centenas de anos já mostraram que funcionam. O famoso “muito obrigado” quando Você exigiu mais do que o funcionário tinha obrigação, é uma. Um reconhecimento feito diante dos demais, também já provou seu grande valor. Enfim, dê reconhecimento se quer ser reconhecido. Tenha honestidade para com os seus, no sentido mais amplo que puder atribuir, para que eles sejam honestos com Você. Antes de reclamar por que eles não fazem o que Você quer, procure saber o que eles gostariam que Você fizesse e não faz.
Você poderia liberar a folha no último dia útil do mês, mas, como a lei permite, só paga depois do fim do expediente bancário no 5º dia útil do mês seguinte? O funcionário dedicado falta, não traz um atestado médico e Você desconta o dia? Um acidente de trabalho, não intencional, e Você o faz pagar por um eventual prejuízo material? Não se chateie com o que vou lhe dizer, mas com certeza Você está sendo visto como um grande babaca.
Percebi que algumas coisas são mais eficazes que as ladainhas chorosas que ainda ouço. Uma delas é que o ambiente de trabalho, para ser produtivo, deve ser sadio para todos. Outra é que só quem não conhece o seu papel no conjunto de engrenagens que somos em uma empresa (em uma equipe de maneira geral) é que precisa de alguém fungando no cangote. Se o indivíduo sabe seu papel no processo e tem consciência dos danos que suas falhas ou ausências causam ao processo, esqueça-o, ele saberá o que fazer e, mesmo em situações novas, ainda assim, saberá o que fazer. Uma terceira é muito conseqüência dessa anterior. Irrito-me com erros gratuitos, quase nunca com pessoas. Minhas broncas, sempre enfáticas, teatrais, são dramatização para fixar a mensagem. Minha irritação é como relâmpago, faz um barulho danado, mas não dura mais que segundos. Mas não foi sempre assim. Tive meus dias de Rotweiller. Hoje estou mais para Poodle.
Você é o símbolo e líder de seu negócio. Sua empresa é Você. Para a galera, para a vizinhança, para o povo, o responsável pelo fracasso sempre será Você. Para os amigos e familiares, o destino. Já o sucesso... bem, este sempre será obra da sorte. Se é assim, por que buscar fórmulas miraculosas? Siga-se. Com respeito à inteligência dos outros.
Conselho:

Respeite a inteligência de seus colaboradores. E lidere (faça) do seu jeito. 

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